Ciao “REGA’, come ve’ butta?” (Olá malta, como estão?)
Depois do primeiro post de introdução ao nosso blog, hoje começamos a falar sobre os lugares clássicos da nossa Roma.
Locais e tradições que, ao longo dos séculos, se tornaram lendas e despertam a curiosidade dos turistas que visitam a Cidade Eterna.
Hoje quero falar-vos sobre a famosa “Bocca della Verità”, situada na Basílica de Santa Maria in Cosmedin, na Piazza della Bocca della Verità, perto do Circo Máximo (sobre o qual falaremos num artigo dedicado).
A História da Bocca della Verità
A Bocca della Verità é uma antiga máscara de mármore com 1,80 metros de diâmetro. Originalmente, era uma tampa de esgoto da época de Tarquínio, o Soberbo, o último dos Sete Reis de Roma (também falaremos sobre eles num artigo dedicado). Foi ele quem mandou construir a Cloaca Máxima, um dos mais grandiosos sistemas de drenagem da Antiguidade.
Estas tampas eram colocadas nas praças e ruas mais baixas da cidade e frequentemente decoradas com a imagem de uma divindade fluvial ou marinha, pois acreditava-se que todas as águas regressavam ao Deus Oceano, seu pai e senhor.
O rosto masculino esculpido, com barba e olhos, nariz e boca perfurados, pode representar precisamente uma divindade marinha. Além disso, as duas pinças de caranguejo no cabelo reforçam essa hipótese.
A Lenda da Bocca della Verità
No século XI, esta máscara já era envolta em mistério e foi mencionada no Mirabilia Urbis Romae, um guia medieval para peregrinos. Acreditava-se que a Bocca della Verità tinha o poder de prever oráculos e revelar verdades ocultas.
Ao longo dos séculos, os romanos e turistas passaram a vê-la como uma espécie de detector de mentiras, especialmente para questões de infidelidade conjugal. Conta-se que, antigamente, se um marido suspeitava da traição da esposa, esta era obrigada a colocar a mão dentro da escultura e fazer um juramento de fidelidade.
Mas havia um truque! Atrás da pedra, um cúmplice escondido – contratado pelo marido – segurava um alfinete ou uma tesoura e picava a mão da mulher infiel, fazendo-a gritar e revelar a mentira.
A Lenda da Mulher Astuta
Entre todas as histórias ligadas à Bocca della Verità, há uma lenda particularmente famosa.
Conta-se que uma mulher casada foi vista pelos vizinhos a receber frequentemente visitas do amante enquanto o marido estava fora. Estes contaram-lhe tudo e, furioso, o homem decidiu testar a fidelidade da esposa publicamente, obrigando-a a fazer o juramento da verdade.
No dia do teste, uma grande multidão reuniu-se para assistir. De repente, um jovem atravessou a multidão, aproximou-se da mulher, abraçou-a com força e beijou-a na boca, deixando todos chocados. Depois, afastou-se a gritar e a saltar como um louco, sendo arrastado dali à força.
Chegado o momento da prova, a mulher colocou a mão na Bocca della Verità e declarou:
“Juro que nenhum homem me abraçou ou beijou, exceto o meu marido e aquele jovem louco!”
A Bocca della Verità não reagiu, e o marido, convencido, aceitou o resultado. Mas qual era o segredo?
Na verdade, a mulher e o amante tinham planeado tudo! Ele fingiu-se de louco e beijou-a em público, para que todos testemunhassem. Assim, ela pôde dizer a verdade sem levantar suspeitas, enganando a Bocca della Verità e o próprio marido.
Graças à sua astúcia, conseguiu continuar a encontrar-se com o amante sem que ninguém desconfiasse.
A Bocca della Verità no Cinema
Roma foi imortalizada em muitos filmes de Hollywood, e a Bocca della Verità não foi exceção. Tornou-se mundialmente famosa no clássico “Férias em Roma” (Vacanze Romane), com a inesquecível Audrey Hepburn e Gregory Peck.
Uma das cenas mais icónicas do filme mostra o ator a colocar a mão dentro da boca da escultura, criando um momento de suspense e diversão que ajudou a tornar este local ainda mais lendário.
A Bocca della Verità continua a ser um dos locais mais visitados de Roma, repleta de mistério, lendas e histórias fascinantes.
Se um dia passarem por lá, será que terão coragem de colocar a mão na boca da verdade?
“SE VEDEMO, alla prossima REGA!”
Gigi (Luigi)